Esportes

Na cidade do rock, Botafogo não empolga em primeira apresentação no Mundial

A cidade do rock, como é conhecida a Seattle que lançou ao mundo Jimi Hendrix, Nirvana, Alice in Chains e Pearl Jam — para ficar apenas em alguns — apresentou ao planeta nesse domingo (15) um Botafogo que esteve longe de jogar por música, mas ao menos foi capaz de fazer o torcedor se agitar nas arquibancadas. A vitória por 2 a 1 sobre o Seattle Sounders na primeira rodada do Grupo B do Mundial de Clubes, somada à goleada do Paris Saint-Germain sobre o Atlético de Madrid, deixa o alvinegro em uma boa condição para brigar por uma vaga nos playoffs.

Na véspera da partida, o técnico Renato Paiva reconheceu que havia ansiedade pela estreia, mas garantiu que ela se extinguiria assim que o Botafogo entrasse no palco da partida. Não foi exatamente o que se viu nos primeiros 20 minutos de jogo no Lumen Field, quando a equipe brasileira se portou bem defensivamente, mas exagerou nos erros de passes nas vezes em que conseguiu recuperar a bola e tentou escapar em contragolpes.

À beira do campo, um elegante Renato Paiva ficava em pé na área reservada e baixava a cabeça a cada um daqueles erros. Não esbravejava e não aplaudia, apenas se resignava. Sabia o treinador que os equívocos do time eram reflexo de um Botafogo que, àquela altura, ainda sentia o peso da estreia no Mundial de Clubes. Também sabia que as coisas iriam se ajustar assim que os jogadores entendessem que, mesmo na casa do Seattle Sounders, a grande atração daquele palco era o time brasileiro.

Foi quando o Botafogo passou a fazer o simples, mas bem feito, que as coisas começaram a dar certo. Alex Telles cobrou falta com precisão aos 29 e colocou na cabeça de Jair Cunha, que marcou para o Botafogo o primeiro gol de um time sul-americano no Mundial de Clubes. Igor Jesus, também de cabeça e também aparando cruzamento preciso, dessa vez de Vitinho, ampliou aos 44.

Segundo tempo do Botafogo no Mundial teve roteiro tenso

Para além do rock, reproduzido pelas centenas de pubs da cidade ou mesmo por músicos solitários que se apresentam pelas ruas — horas antes da estreia do Botafogo no Mundial, um deles tocava Bohemian Rhapsody em um piano em frente ao mercado público, o Pike Place Market —, Seattle também é famosa por servir de pano de fundo para algumas das séries mais badaladas dos últimos tempos. Algumas emocionam, outras assustam, todas são marcadas por momentos de tensão, em maior ou menor grau.

É na maior cidade do estado de Washington que se passa Grey’s Anatomy e boa parte da segunda temporada de The Last os Us, ambientada num mundo apocalíptico. Um dos cenários do fim da temporada, inclusive, é o Lumen Field, o estádio em que jogou o Botafogo em sua estreia no Mundial de Clubes.

Pois o torcedor alvinegro que foi ao estádio e se posicionou, em sua maioria, na parte mais alta e distante do campo também viveu seus momentos de tensão no jogo. O Seattle voltou melhor para o segundo tempo e criou inúmeras chances. É verdade que careceu de melhor qualidade na finalização, mas aos 11 minutos Kent chutou do meio da área e obrigou John a grande defesa. Seguiu pressionando até descontar aos 30, com Roldán, e por pouco não chegou ao 2 a 2 aos 49, em chute de De la Vega defendido mais uma vez por John.

Um eventual empate do Seattle Sounders não teria reflexo apocalíptico nas pretensões do Botafogo no Mundial de Clubes, mas deixar o Lumen Field sem os três pontos seria como ficar na sala de espera na esperança de uma incerta melhora nos próximos dias.

Sorte do time brasileiro que, àquela altura, o roteiro já estava desenhado. E, como (quase) toda produção norte-americana que se preze, ao protagonista cabia o final feliz.

*Lance